segunda-feira, 9 de abril de 2012

A cidade de São Paulo segundo Max Payne 3

By ɓʀuɳѳ ɦɑʀɗy


Max Payne 3, um dos fortes candidatos a jogo do ano, se passa em São Paulo. A metrópole é representada pela Rockstar, produtora do game, de forma detalhada e cuidadosa. Confira o que podemos esperar do título, que chega às lojas em maio, e da sua aguardada ambientação.

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Em 2009, quando a Rockstar Games anunciou que o terceiro game da série se passaria em São Paulo, justificou a escolha pela cidade brasileira ostentar atmosfera cosmopolita, exatamente como Nova Iorque.

Nas primeiras informações, houve a suspeita por parte de fãs brasileiros de que o trabalho de pesquisa para desenvolver o game era parco, e que a capital paulista ficaria com cara de uma genérica cidade brasileira, mais próxima do Rio. A cada adiamento do game, a desenvolvedora liberava novas informações que mostraram um grande empenho da produtora em capturar a estilo de vida e os ares paulistanos.

Elementos de "paulistanidade"

Detalhes como copos americanos nos bares e botecos, as cabines telefônicas em formato de orelhão e a paixão pelo futebol caracterizam facilmente a sensação de brasilidade. A Rockstar foi além ao perceber que São Paulo tinha características muito particulares, a começar pela legislação e imprensa.

Placas da lei estadual antifumo em espaços fechados estão por toda parte no game, dividindo espaço com a pichação de tipos tão característicos de Sampa e anúncios do jornal Sentinela de S. Paulo, uma mescla virtual entre O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo.

Até o momento, um clube de futebol da São Paulo virtual já é conhecido: Galatians Futebol Clube, que possui seu estádio no bairro de Butantã. "Galatians" é o inglês para o livro bíblico de Gálatas e poderia ser entendido como o equivalente à "Corinthians", cujo nome também é baseado no livro bíblico da Carta de Paulo aos Coríntios.

O jogo terá diversas referências à maior frota de helicópteros do mundo, que está em Sampa e é utilizada pelos milionários para se deslocar com mais rapidez e evitar o trânsito caótico. Pelas imagens divulgadas, também estarão presentes pontos conhecidos da metrópole, como o Edifício São Vito (ou Treme-Treme, um cortiço vertical no Centro Velho) e o Edifício Copan, prédio projetado por Oscar Niemeyer nos anos 50.

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"Sem São Paulo, o meu dono é a solidão"

A serviço de Rodrigo Branco, um bilionário do ramo imobiliário, Max vai atuar na Zona Sul de São Paulo, região marcada por mansões, palacetes e a comunidade do Paraisópolis, a segunda maior favela da cidade, surgida nos anos 50, após a invasão de um grande loteamento destinado à construção de residências de classe média alta. Na história do game, o poder econômico e o poder paralelo dividem forças na região.

Assim como qualquer cidade grande do mundo, São Paulo é difícil de ser dominada, principalmente para um estrangeiro recém-chegado que sequer fala português. Sem conseguir entender ou dominar a cidade, Max terá de enfrentar a solidão em companhia de seu único amigo, Raul Passos, que o convidou para trabalhar a serviço de Rodrigo Branco.

O empresário é um típico rico paulistano que precisa gastar grande parte de sua fortuna para se proteger com veículos à prova de balas, helicópteros, vigilância incessante e escolta particular.

A dupla foi contratada pelo bilionário para proteger sua mulher, a jovem Fabiana Tavares Branco, uma alpinista social luso-brasileira vinda de São Carlos, no interior do estado paulista.

Figurinha carimbada dos tabloides e revistas de fofocas, a bela loira fanática pela noite também fala inglês e se torna mais uma companhia para Max. E claro, tanta atenção tem seu lado positivo, e outros tantos negativos?

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Comando Sombra

A criminalidade é uma das manchas do charme da São Paulo virtual. Gangues e organizações criminosas dominam as favelas Morro do Abutre, Vila do Beija-flor, Nova Esperança e Purgatópolis (todas fictícias). Uma em especial possui grande destaque: Comando Sombra (CS), organização surgida dentro das penitenciárias paulistas no meio da década de 1990, como um sindicato dos presidiários, para reivindicar melhores condições e tratamento para os detentos.

Seis anos antes, a organização foi assumida por Serrano, um criminoso órfão filho de africanos, que trouxe novas perspectivas, ampliou a atuação e equipou o Comando com armamento de guerra contrabandeado de diversos países. Em junho de 2009, o CS coordenou diversos ataques a bases e delegacias, rebeliões em presídios e depredações ao patrimônio público.

A Unidade de Forças Especiais (UFE), uma mescla de inteligência e ação tática da polícia paulista em Max Payne 3, entra em confrontos frequentes com os criminosos entrincheirados nas favelas. Apesar da eficácia das ações, desde essa época, a organização participou do sequestro de 20 pessoas da alta sociedade, inclusive o rapto de Fabiana Branco, esposa do patrão de Max.

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"A rua é noiz"

A escolha do rapper Emicida para a trilha sonora de Max Payne 3 dá o ritmo correto desse embate entre ricos e cidadãos marginalizados. Na década de 1980, a cultura Hip-Hop começou com grande força nas regiões como Anhangabaú, São Bento e Praça Roosevelt, no centro de São Paulo, e se expandiu rapidamente pelo resto do país com nomes como Thaíde & DJ Hum e Racionais MCs.

O rap encontrou na metrópole o cenário perfeito e inspirador, mesclando temas de desigualdade social, abandono do Poder Público e a violência social característica dos subúrbios paulistanos.

Atualmente o rap migrou para outros pontos da cidade, como a região da Vila Mariana, onde ocorre aos sábados a Batalha do Santa Cruz, nas imediações do metrô Santa Cruz e é organizado pelos MCs Flow e Marcello Gugu.

O próprio Emicida frequentou a rinha por anos. Algumas das características mais marcantes do rap paulista é ser melancólico, rancoroso e injustiçado. Exatamente os sentimentos que Max Payne carrega durante toda a série.



Expectativas

A Rockstar não costuma brincar em serviço e quase que semanalmente publica dossiês com informações verossímeis sobre São Paulo em seu site oficial. O número de detalhes identificáveis nos vídeos e imagens divulgados de Max Payne 3 indiciam que, ainda que o jogo busque reproduzir fielmente a cidade, o desejo é trazer a atmosfera e o contexto da maior metrópole do hemisfério sul para o game.

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As contradições sociais entre bilionários e pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza na mesma cidade parece ter sido um pano de fundo acertado para o senso de justiça e a vontade de vingança que move Max desde o primeiro game da série. No jogo, poucos brasileiros falam inglês e preferem usar sua língua nativa para se comunicar.

A desenvolvedora optou por não colocar legendas nas falas em português (que constituirão grande parte do enredo). Assim, para quem não fala o idioma, a sensação de confusão será a mesma do personagem: um estrangeiro recém-chegado numa terra estranha.
fonte: Techtudo

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