sábado, 30 de abril de 2011

E se houvesse apenas um grande console?


Atualmente, quando alguém decide comprar um video game, é preciso decidir qual console melhor atende as suas necessidades. Entre os fatores que influenciam na escolha estão o preço (é claro), os recursos técnicos de cada um, os serviços online disponíveis e seus games exclusivos.
Img_normalEsse último item, inclusive, para muitos é determinante. Afinal, quantos não foram aqueles que se tornaram donos de um PlayStation 3 para poder continuar acompanhando a história de Solid Snake em Metal Gear Solid 4? Da mesma forma, Master Chief recrutou muitos jogadores para o time do Xbox 360 enquanto os irmãos Mario e Luigi são os astros de muitos dos melhores títulos disponíveis apenas nas plataformas da Nintendo.
Mas e se a batalha pela atenção dos gamers tivesse chegado a um fim? Pensar em um cenário em que apenas um console reinasse absoluto como o único responsável por permitir que as pessoas jogassem games pode parecer estranho a princípio, mas, antes de entrar em qualquer discussão sobre as possibilidades disso ocorrer, por que não apenas imaginar?

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Afinal, se houvesse um único video game apenas, todas as relações de mercado existentes hoje mudariam. Sem a concorrência entre as plataformas, as companhias iriam provavelmente buscar a atenção dos consumidores com o desenvolvimento de novos jogos e periféricos.
Pensando nisso, o Baixaki Jogos tentou previr possíveis consequências causadas pelo lançamento de um console único no futuro, assim como quais mudanças seriam interessantes para os consumidores e as companhias.
Exclusividade sem sentidoTudo é para todos
A mudança mais óbvia seria o fim da exclusividade de games e séries. Afinal, não haveria mais a preocupação de acabar perdendo um título interessante que não foi lançado para o seu sistema porque todos os gamers teriam o mesmo console.
Se isso ocorresse amanhã, por exemplo, seria permitida a criação de muitos crossovers hoje inimagináveis, como um que colocasse Kratos frente a frente com Marcus Fenix. Tudo dependeria apenas da vontade da Sony e da Epic Games, responsáveis pelos personagens, e de sua criatividade para desenvolver um produto de qualidade.
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Se o encontro dos dois exclusivos soa absurdo, basta lembrar que até 2002 a única disputa entre Sonic e Mario era a por vendas. Com a saída da SEGA do setor de produção de plataformas — o Dreamcast foi a última desenvolvida pela companhia — foi possível controlar o ouriço azul com o DualShock e até mesmo o Wii Remote, além de vê-lo ao lado do encanador italiano em games como Super Smash Bros. Brawl e Mario & Sonic at the Olympic Games.
A competição continua
Voltando para um cenário hipotético desprovido de uma diversidade de consoles para gerar títulos exclusivos, é bem possível que a grande competição existente atualmente entre as fabricantes seria revertida para as produtoras.
Afinal, todas elas disputariam a atenção de um mesmo público consumidor. Desse modo, para que se destacassem, os games provavelmente teriam campanhas publicitárias mais agressivas e a rivalidade entre franquias com propostas semelhantes, como Gran Turismo e Forza Motorsport, seria ainda maior.
As duas séries de automobilismo, embora estejam em competição atualmente pelo título de simulador de corrida mais realista do mercado, estão seguras com os seus respectivos públicos: os donos do PlayStation 3 e do Xbox 360.

Se por conta de uma só plataforma dominante elas disputassem o mesmo público geral, além de se preocupar com a qualidade de seus títulos, as desenvolvedoras teriam de trabalhar ainda mais a apresentação de seus produtos e as suas campanhas de marketing. Se há poucos meses atrás a Sony colocou carros possantes pelas ruas de São Paulo para promover Gran Turismo 5, o que será que não viria por aí em uma disputa mais acirrada? Um sorteio de Lamborghinis?
Por outro lado, jogos que hoje são desenvolvidos para diversas plataformas, como as séries FIFAGrand Theft Auto, se beneficiariam com o corte do tempo de produção gasto com as adaptações para os diferentes consoles. Tempo esse que poderia ser utilizado para o aprimoramento dos games, fazendo com que séries que são atualizadas anualmente (como as esportivas) melhorassem ainda mais a cada edição.
Mais do mesmo?Uma só plataforma para se jogar sentado... Ou de pé
Embora o consumidor não precisasse mais gastar dinheiro comprando vários consoles caso quisesse ter acesso a todos os títulos lançados, existem incertezas quanto aos benefícios que um sistema único poderia proporcionar aos recursos oferecidos aos usuários.
Afinal, as inovações sempre surgiram como adicionais que destacavam um ou outro console de seus concorrentes, desde algo mais simples, como o sistema de conquistas lançado pela LIVE daMicrosoft, até a revolução criada pela Nintendo com a aparição do Wii, e seguida pelas outras fabricantes com o PlayStation Move e o Kinect

Caso a próxima geração fosse composta por apenas uma plataforma, o Wii Remote, o Move e o Kinect ou suas atualizações seriam periféricos com função semelhante que concorreriam como acessórios de um mesmo sistema, mais ou menos da mesma forma que diferentes volantes são compatíveis com um mesmo game de corrida hoje em dia.
Contudo, cada um teria que apostar em recursos exclusivos para se sobressair no mercado. Enquanto o Kinect permite jogar sem a utilização de um controle, tanto o Move quanto o Wii Remote não apresentam muitas diferenças entre si. Desse modo, as fabricantes provavelmente iriam tentar apresentar inovações exclusivas, como talvez um controle que não requisitasse o movimento do jogador, utilizando apenas os seus pensamentos.
De qualquer forma, a era do movimento é um bom exemplo de como essa concorrência é saudável para o mercado. Afinal, deu o pontapé inicial que abriu novos tipos de jogabilidade que até então ninguém havia imaginado.
Atualização da jogatina
Outro ponto discutido a respeito da existência de um sistema dominante questiona como funcionaria a sua atualização de hardware. Se para acompanhar as últimas novidades fosse necessário comprar uma nova versão em pequenos intervalos de tempo, qualquer benefício proveniente desta plataforma hipotética seria em vão.
Atualmente, a Sony defende um ciclo de dez anos para o seu PlayStation 3 enquanto a Microsoft afirma que o Kinect garantiu ao Xbox 360 mais cinco anos de vida. A Nintendo, por outro lado, ainda segue cheia de rumores sobre as especificações de seu projeto Café e deu lançamento, possivelmente na metade de 2012, seis anos após o seu sucessor.
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O produtor executivo Patrick Bach, da DICE, estúdio responsável por Battlefield 3,recentemente afirmou que os consoles atuais estão atrasando o desenvolvimento de jogos com melhores gráficos e outros recursos técnicos que já podem ser vistos no PC.
É claro que para poder utilizar as configurações máximas disponíveis atualmente é necessário gastar muito dinheiro em um computador. Caso uma plataforma de games vingasse no mercado, o seu maior desafio seria, dessa forma, conciliar uma boa capacidade técnica com um preço acessível e um tempo de vida razoável para que seus consumidores não desistissem da ideia.
O fim da guerra?Quem fará os consoles no futuro?
Um ex-vice-presidente da Electronic Arts, Gerhard Florin, afirmou em 2007, quando ainda estava no cargo, que, caso apenas uma plataforma existisse, tanto a indústria como os próprios consumidores seriam beneficiados.
Afinal, quando as desenvolvedoras criam mais de uma versão de um mesmo título para diferentes consoles, é comum que uma acabe superior às outras por conta das adaptações feitas para realizar o port do game original para outros sistemas. Sem contar também que o tempo de desenvolvimento se multiplica de acordo com o número de plataformas envolvidas.
No final do ano passado, outra voz de dentro da indústria fez declarações semelhantes. O antigo presidente da divisão europeia da Sony e atual executivo da Capcom, David Reeves, em uma entrevista ao site CVG no ano passado, afirmou que desenvolver consoles é uma atividade que demanda muito dinheiro.

Afinal, além da própria criação da plataforma, é necessário traçar a estratégia de lançamento e planejar qual o melhor momento para começar a criar algo novo e tornar os sistemas atuais obsoletos. De acordo com o executivo, é provável que, dentro de dez ou quinze anos, os gastos necessários para o processo de desenvolvimento de uma futura geração desmotivem as principais fabricantes.
Desse modo, uma possível alternativa para as empresas seria a divisão de custos e o surgimento de uma única plataforma. Reeves sugere que isso pode ocorrer talvez até com o trabalho conjunto das principais fabricantes atuais ou com a colaboração entre uma delas e uma empresa fora desse mercado atualmente, como o Google ou a Apple.
A resposta está nas nuvens?
Em uma conferência de imprensa no ano passado, o responsável pela série Metal Gear Solid, Hideo Kojima, afirmou que acredita em um futuro sem plataformas para os jogos. De acordo com ele, os jogos ficariam armazenados em servidores, utilizando a computação em nuvem. O produtor inclusive afirma que decidiu desenvolver Metal Gear Solid: Peace Walker, lançado para o PSP, para poder trabalhar com o conceito da possibilidade de jogar em qualquer lugar.
No dia 17 de junho de ano passado, um serviço que utiliza essa tecnologia foi lançado. O OnLive disponibiliza para seus usuários vários jogos em seus servidores sem que eles precisem ser baixados. Basta apenas um computador com uma boa conexão de internet para poder receber os dados em tempo real. A cobrança é feita na forma da compra das licenças de cada título, que permitem aos usuários jogarem por tempo ilimitado.
O OnLive ainda apresenta problemas como o lag, principalmente para aqueles que tentam utilizá-lo fora dos Estados Unidos, onde todos os seus servidores estão localizados, mas é sem dúvida uma alternativa interessante de acesso aos games.
Caso a computação em nuvens prevaleça, existem várias possibilidades para o seu uso. Talvez no futuro ela possa tirar o conceito de console da disputa ao fazer com que os usuários possuam apenas um computador e um controle (a conexão de internet já está implícita) para que possam ter acesso aos games. Ou então as centrais como a OnLive percam espaço para as produtoras, que poderiam disponibilizar seus próprios servidores para os jogadores que comprassem as suas licenças.
Criatividade é tudo
Ainda é cedo para afirmar, entretanto, que o futuro possuirá uma plataforma única ou inexistente. Contudo, já é possível perceber que existem mudanças consideráveis na dinâmica do mercado e que as empresas já estão tomando medidas para se adaptar à nova realidade. Além disso, o que se sabe com certeza é que a concorrência e a disputa pelo público irão continuar e que a criatividade será fundamental para a sobrevivência das companhias.
E você, acredita realmente que as atuais fabricantes abram mão de produzir consoles para se dedicar exclusivamente aos jogos? Ou acredita que a existência de vários consoles é a melhor forma de estimular a criatividade das companhias? Responda a enquete e compartilhe a sua opinião nos comentários.

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